"Como é possível prosseguir sem planos? Aos vinte, assassinam-se amores, amizades, vai-se em frente como uma flecha afiada: só mais tarde se aprende quão raros são os reais afetos. Não acredito em paixões tardias, não se ama mais depois dos quarenta. É mentira. No máximo, faz-se em acordo formal, finge-se saudade, apreço, mas a biologia não precisa dos arroubos juvenis de um velho."
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"Desintegro no ar sobre Copacabana. Uma vez, li que a morte era o momento mais significativo da vida, e é mesmo. A minha foi boa, está sendo, não por muito mais."
Trechos do romance Fim, de Fernanda Torres. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Fernanda Torres é carioca, atriz de sucesso no teatro, televisão e cinema e colunista em jornais e revistas brasileiros. Atriz admirada pela sua capacidade representativa, seguindo a linhagem familiar, filha que é de atores muito talentosos, Fernanda Montenegro e Fernando Torres.
Dizem que esse nome tem significado de "viajante ousado, corajoso" e assim me parece Fernanda, enveredando ousadamente pela literatura. Suas qualidades de escritora já haviam se revelado nas crônicas, mas se confirmaram na ficção.
Com grandes sucessos nas telas e nos palcos em papéis cômicos, sua ficção também segue esse caminho da comédia de costumes, mas com uma dramática abordagem sobre os momentos em que a finitude da vida se nos apresenta sem subterfúgios. Como diz Sergio Rodrigues na contracapa do livro: "Nesse claro-escuro ela encontra matizes inéditos de sabedoria, crueldade, ternura, tristeza e humor".
Trata-se de uma história sobre cinco amigos de longa jornada, ambientada em Copacabana, um bairro habitado majoritariamente por idosos, que vão relatando com humor fatos marcantes de suas vidas e amizade.
O livro é muito bem escrito e de leitura fluída no qual a autora nos apresenta uma graça que nos é muito próxima, porquanto há personagens que nos remetem a muitos de nossos familiares. Cheio de humor litorâneo, com praia, sol e sexo, mas também com tristeza, resignação, tragédia
e melancolia..
A narrativa é envolvente e, especialmente nesses tempos de pandemia e isolamento, nos faz refletir sobre amizade, amores, perdas, encontros e desencontros, fracassos e superações, sobre o sentido e finitude da vida.
Boa leitura e diversão!
Por F@bio