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terça-feira, 15 de abril de 2014

Tristes Navios que Passam - Emanuel Félix

Tristes Navios que Passam

            Para o Daniel Santos,
                  no outro lado do mar

Tristes navios que passam
na hora da nossa vida
na hora da nossa morte

escuros vasos de guerra
cargueiros tanques paquetes
brancos navios de vela

levam óleo levam ódio
luxo lixo das cidades
levam gente gente gente

deixam ficar nostalgia

tristes navios que passam
na hora da nossa morte
na hora da nossa vida

Félix, Emanuel (1977), A Palavra.O Açoite. Coimbra: Poesia Centelha, p. 31.

Obtido de: http://www.ces.uc.pt/projectos/poesiadaguerracolonial/pages/pt/antologia/poemas/partidas.php

O poeta Emanuel Félix Borges da Silva nasceu em 24 de outubro de 1936, em Angra do Heroísmo, nos Açores, Portugal, e faleceu em 14 de fevereiro de 2004. Seu livro de estreia, aos 15 anos, foi  O Vendedor de Bichos. Teve uma profícua produção literária que só terminou em 2003 com a coletânea 121 Poemas Escolhidos. É considerado o responsável pela introdução do concretismo poético em Portugal,  mas optou pelo surrealismo. Em 1958, com Rogério Silva, fundou e dirigiu a revista Gávea, onde fez crítica literária e de artes plásticas.

A vida que passa qual navios, cruzando nossos horizontes, levam um pouco de nós, a cada instante, a vida que se esvai, qual água a correr nos rios, nos mares, cargueiros a levar nossos anos, nossos pares, levam vida, levam coisas, até nossa alma carregam, fica a tristeza de saber, que um pouco de nós se foi, a cada instante, no vai e vem da ondas, no giro da hélice, na brisa marinha, fica esse amargo na boca, o gosto da tristeza, da nossa vida que vai, carregada pela correnteza, da passagem, nostalgia!
Por F@bio