De: Carlos Seabra
"rochedo no mar
barco afundado
olhos a chorar"
Diante da dimensão da tragédia do terremoto/maremoto que atingiu o Japão, resolvi fazer no Cargueiro de Letras uma pequena homenagem ao povo japonês, que sempre conseguiu superar as dificuldades que a natureza e os homens lhes impuseram, e construir uma grande nação, a qual tive a oportunidade de visitar em três oportunidades distintas. Na primeira vez, em 1991, participei de uma Assembléia de uma organização internacional cuja sede fica em Yokohama. Numa ida a Tóquio, andei de metrô e pude conhecer os curiosos funcionários enluvados responsáveis por dar um empurrãozinho nos que estão bloqueando a porta do trem. Visitei o bairro dos eletrônicos e por uma incrível coincidência, quando estava saindo de uma daquelas lojas verticais com vários andares de eletrônicos, deparei-me com o Zico, que então jogava futebol no Japão. É impressionante a capacidade do povo japonês. Tudo muito organizado e limpo, apesar de ser um país superpopuloso. Sei que mais uma vez eles, com sua capacidade de trabalho e disciplina, vão reconstruir tudo.
Sobre a arte do haicai, trata-se de uma forma poética que tem uma métrica de três versos, de 5-7-5 sílabas, que surgiu no Japão no século 16. Não há rimas, mas deve-se fazer referência a uma estação do ano, elemento básico de sua ligação com a natureza. No século 20, o haicai disseminou-se pelo mundo. Sua maior expressão é Matsuo Bashô (1644-1694), poeta japonês criador do mais famoso de todos os haicais: "velho lago / mergulha a rã / fragor d'água".
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F@bio