"Como principal negociadora do reconhecimento do Brasil independente, a Inglaterra se valeu de seu poder econômico e político para tirar vantagem da nova situação. Em 1825, o Brasil já era o terceiro mercado mais importante dos produtos ingleses, graças ao vantajoso tratado comercial assinado por Dom João em 1810 que concedia à Inglaterra tarifas de importação inferiores às de seus concorrentes nos portos brasileiros. O tratado venceria em julho de 1825 e todo o esforço dos ingleses se concentrou em convencer D. Pedro a renová-lo em troca do reconhecimento da Indenpendência. Foi, de fato, o que aconteceu. Além de assegurar a prorrogação das vantagens alfandegárias para seus produtos, a Inglaterra perpetuou no Brasil independente alguns privilégios que gozava com Portugal..."
Transcrito da obra "1822" de Laurentino Gomes, História, pág. 288. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2010. O livro tem por subtítulo "como um homem sábio, uma princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que tinha tudo para dar errado."
Laurentino Gomes é jornalista, nascido em Maringá - Paraná, com carreira de repórter e editor no jornal O Estado de São Paulo e na revista Veja. É membro da Academia Paranaense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Li suas duas obras de jornalismo histórico, que registram dois períodos marcantes da formação do Brasil: 1808 que trata da fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, com amplos reflexos na conformação do estado brasileiro e na criação do caldo de cultura que propiciou a declaração de indepedência. Já 1822 aborda o ambiente e as articulações que levaram o País a declarar o rompimento com a metrópole portuguesa, fato caracterizado pelo autor como uma combinação de sorte, improvisação, acasos e também sabedoria das lideranças responsáveis pela condução dos destinos do Brasil, num momento de idealizações, conflitos e perigos. Além de uma escrita ágil, ela é muito rica em informações. Laurentino inclui nos relatos aspectos pouco abordados nos livros didáticos, como a vida sexual e afetiva dos protagonistas de nossa história, idiossincrasias de alguns personagens, visão dos vencedores e dos vencidos no processo que levou à declaração de independência. Demais, o autor relata que o projeto que o levou a escrever o livro surgiu de uma conversa casual com o vice-almirante Armando de Senna Bittencourt, diretor do Patrimônio Histórico e Cultural da Marinha, que fez a seguinte observação para o autor: "É inacreditável como um parte da elite brasileira conseguiu envolver o príncipe regente nos seus planos, separar-se de Portugal e, principalmente, manter o país unido quando tudo indicava que o caminho mais provável seria o da guerra civil e da fragmentação territorial". Realmente esse era o pano de fundo dominante do momento. O que o livro destaca é que sem a liderança de D. Pedro e o estabelecimento do regime monárquico possívelmente não seríamos um só Brasil. Viva o primeiro rei brasileiro!
Por F@bio
Boa noite, Fábio!
ResponderExcluirResolvi conhecer seu blog. Uma visitinha rápida. Já deu para perceber que é coisa de alto nível.
Voltarei para reler as postagens mais devagar.
Escolhi postar, aqui, meu comentário por estar com este livro comprado há quase um ano... Li 1800: excelente.
Abraços da conterrânea