Tudo abeirou minha infância
beira do rio, beira-mar
orla branca de esperança
no leste do meu olhar.
Meu batelão emborcado
à beira de me afogar,
eu sobre a ponte abeirado
puxando minhas puçás.
Beirando todas as rotas,
nas asas das gaivotas
meus olhos cruzavam o mar;
sonhava à beira do cais
com um barco, nada mais
e eu no mundo a navegar.
De Manoel de Andrade em Cantares : poemas. São Paulo : Escrituras Editora, 2007
Manoel de Andrade esta em outra postagem do Cargueiro de Letras com Um Homem no Cais, poesia publicada no mesmo livro. Os versos de Beira-Mar me remeteram a minha infância/adolescência em Niterói, quando também vivia abeirado no cais ou na beira-mar. Meu cais era a ponte que leva à ilha da Boa Viagem de onde observava muitos barcos a seguir mar adentro e sonhava com um barco meu, a navegar. Navegava nos sonhos.
Por F@bio
Fábio, obrigado por publicar meus poemas.
ResponderExcluirUm fraterno abraço..., Manoel de Andrade