cais
onde as coisas ancoram
onde as coisas demoram
algum tempo
antes de partir
lá está o morto
vivendo de uma outra vida
que só diz respeito ao corpo
lá estão seus ossos
pacotes bem embalados
prontos pra subir a bordo
CAFÉ ALUMÍNIO CEVADA
SOJA CIMENTO
CARNE
- mas pra quê tantos guindastes
se o corpo não se move
jamais?
Obtido de: http://wladimircaze.blogspot.com.br/2011/07/trecho-do-poema-em-torno-da-cidade-do.html
Alberto Alexandre Martins é é Mestre em Literatura Brasileira pela USP e doutor em Artes Plásticas na ECA-USP. Poeta e artista plástico nascido em Santos, litoral paulista, reflete em sua obra influências de quem viveu no estuário, entre o Atlântico e a Serra do Mar. Sua obra tem sido reconhecida e premiada.
Porto é ponto de chegada e partida, local de trânsito, é meio e não fim, vai e vem, constante movimento. As coisas, seus corpos, estão no porto de passagem, de lá embarcam para o mar, quem vai, ou para a terra, quem vem, vão se eternizar em outro lugar. Carregar e descarregar, de lá pra cá. Mas o porto que movimenta coisas e gentes está firme, ponto fixo, farol no horizonte, move mas não se move, é porto seguro.
Por F@bio
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