De: Ruy Ribeiro Couto
Sobre a cidade a tarde cai de manso.
Começam a acender-se luzes mortiças
Nos longos mastros dos transatlânticos ancorados.
Como é longo o cais envolvendo a cidade inteira
Com os chatos armazéns e os guindastes em fila
Como é longo o cais junto às águas oleosas!
Presos à amurada baloiçam botes vazios.
Vêm conversas confusas de marinheiros
Dentre vagões atulhados de carvão de pedra.
Nossa Senhora do Monte Serrat protege o comércio
A igrejinha branca está lá, no alto do morro,
Abençoando a fadiga dos homens suarentos.
Junto a estas águas oleosas nasci.
Nasci para sonhar o bem difícil das viagens,
O encanto triste dos amanhãs do exílio.
O apito longo das sereias, nas partidas,
Foi a música maravilhosa dos meus ouvidos de criança.
Ó transatlânticos com bandeiras enfeitadas,
Não é verdade que viestes para levar-me?
Obtido em http://www.novomilenio.inf.br/cultura/cult006b.htm
Interessante que esta é a segunda poesia de Ribeiro Couto que publico no Cargueiro de Letras e que tem o mesmo nome, "Santos". O poeta é um nostálgico de sua terra natal. Por seguir carreira diplomática, viveu muitos anos no exterior, levado pelos "transatlânticos com bandeiras enfeitadas". Nas letras registrou não só o amor por sua terra, onde a "tarde cai de manso", mas também sua sina de viajante.
Em Niterói também sonhei "o bem difícil das viagens", mas não vivi o "encanto triste da manhãs no exílio", senão por parcos momentos, pois não cheguei a ser seduzido pelo "apito longo das sereias".
Por F@bio
A idéia é, como um navio cargueiro, recolher e reunir escritos da literatura que nos encantaram. Que tal navegar comigo, sugerir, criticar, interagir? Poste seu comentário e torne-se um amigo do Blog.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Cemitério de Navios - Ledo Ivo
De: Ledo Ivo
Aqui os navios se escondem para morrer.
Nos porões vazios, só ficaram os ratos
à espera da impossível ressurreição.
E do esplendor do mundo sequer restou
o zarcão nos beiços do tempo.
O vento raspa as letras
dos nomes que os meninos soletravam.
A noite canina lambe
as cordoalhas esfarinhadas
sob o vôo das gaivotas estridentes
que, no cio, se ajuntam no fundo da baía.
Clareando madeiras podres e águas estagnadas,
o dia, com o seu olho cego, devora o gancho
que marca no casco as cicatrizes
do portaló que era um degrau do universo.
E a tarde prenhe de estrelas
inclina-se sobre a cabine onde, antigamente,
um casal aturdido pelo amor mais carnal
erguia no silêncio negras paliçadas.
Ó navios perdidos, velhos surdos
que, dormitando, escutam os seus próprios apitos
varando a neblina, no porto onde os barcos
eram como um rebanho atravessando a treva!
Por
F@bio
Aqui os navios se escondem para morrer.
Nos porões vazios, só ficaram os ratos
à espera da impossível ressurreição.
E do esplendor do mundo sequer restou
o zarcão nos beiços do tempo.
O vento raspa as letras
dos nomes que os meninos soletravam.
A noite canina lambe
as cordoalhas esfarinhadas
sob o vôo das gaivotas estridentes
que, no cio, se ajuntam no fundo da baía.
Clareando madeiras podres e águas estagnadas,
o dia, com o seu olho cego, devora o gancho
que marca no casco as cicatrizes
do portaló que era um degrau do universo.
E a tarde prenhe de estrelas
inclina-se sobre a cabine onde, antigamente,
um casal aturdido pelo amor mais carnal
erguia no silêncio negras paliçadas.
Ó navios perdidos, velhos surdos
que, dormitando, escutam os seus próprios apitos
varando a neblina, no porto onde os barcos
eram como um rebanho atravessando a treva!
Poema de Ledo Ivo obtido de http://www.algumapoesia.com.br/poesia2/poesianet139.htm
Essa poesia me fez recordar o tempo em que vivia em Niterói e passava pela Estrada do Contorno onde ficava uma área conhecida como "cemitério de navios", por ironia próxima ao Cemintério do Maruí. Era uma área entre o Barreto e a Ilha da Conceição para a qual os navios eram levados para o desmonte, para virar sucata. Não sei se ainda é assim. Quem sabe veio daí a inspiração de Ledo Ivo, que vive no Rio de Janeiro.
Ali pude ver navios recolhidos para a morte, encalhados, sem apito, surdos e mudos. Quantas histórias guardam seus porões, talvez reveladas pelas cicatrizes no casco. Não mais o esplendor dos mundos mas a treva eterna.
Ledo Ivo é jornalista, romancista, cronista, tradutor, ensaísta e poeta. Membro da Academia Brasileira de Letras, esse alagoano de Maceió é também um memorialista de seus contemporâneos, vide a entrevista concedida para Geneton Moraes Neto (http://www.geneton.com.br/archives/000052.html).Ali pude ver navios recolhidos para a morte, encalhados, sem apito, surdos e mudos. Quantas histórias guardam seus porões, talvez reveladas pelas cicatrizes no casco. Não mais o esplendor dos mundos mas a treva eterna.
Por
F@bio
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
São Jorge dos Ilhéus - Jorge Amado
"...transpôs também ele a larga porta central da casa exportadora ... A casa agora era um prédio de quatro andares, no mesmo local do sobradinho antigo, próximo ao porto. O andar térreo era depósito e ensacamento de cacau, dois salões imensos, cheios até o teto de caroços negros que emanavam um cheiro de chocolate. Subindo pelas montanhas de cacau, homens nus da cintura para cima ensacavam os caroços. Outros pesavam os sacos, ajustandos-os ao peso de sessenta quilos exatos e, depois, as mulheres cosiam, numa rapidez surpreendente, as bocas dos sacos já pesados. Um meninote de uns doze anos imprimia sobre cada um deles um carimbo em tinta vermelha:
ZUDE, IRMÃO & CIA.
Exportadores
Os caminhões penetravam pelo fundo em marcha-à-ré, carregadores levavam os sacos às costas, iam dobrados com o peso. Os sacos caíam com um baque surdo nos caminhões, os choferes punham os motores em marcha, arrancavam pela rua, paravam no cais. Novamente vinham carregadores e novamente se curvavam suas costas sob o peso da carga. Corriam pela ponte, pareciam seres estranhos, negros de espantosas corcundas. O navio sueco, enorme e cinzento, engolia o cacau. Marinheiros atravessavam, bêbados, a ponte de desembarque e falavam uma língua estranha."
Transcrito de "São Jorge dos Ilhéus", de Jorge Amado, Págs. 17 e 18. Romance. Escrita iniciada em Montevidéu e terminada em Periperi, Bahia, janeiro1944. São Paulo: Martins, 12ª edição, 1966. Foto obtida em http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado
Em 1982 comecei minha vida profissional no comércio exterior e logo em seguida fui atuar na área que cuidava das exportações de cacau na CACEX. Uma experiência rica, que me permitiu acompanhar histórias como essa de Jorge Amado, grande escritor brasileiro, mas que podemos chamar de o grande romancista do cacau e da Bahia. São Jorge dos Ilhéus retrata um período (anos trinta) do desenvolvimento da cultura do cacau no sul da Bahia, com disputas entre fazendeiros, exportadores e importadores de cacau. Nesse contexto, pode-se entender um pouco do comércio de uma commodity que já teve um importante ciclo econômico para o Brasil e para a Bahia em particular. Períodos de altas e baixas de suas cotações no mercado internacional, que trouxeram riqueza e opulência em certos momentos, decadência e desgraça em outros, mas sempre com um fundo de pobreza e miséria do trabalho, quase escravo, nas fazendas de cacau e no porto de Ilhéus. Jorge Amado é um escritor que nunca deixou de apresentar o constraste e a desigualdade social, mas também a miscigenação e o sincretismo que tanto caracterizam o nosso país. Em São Jorge dos Ilhéus esse cenário aparece de forma muito clara, carregado de lutas e paixões, como um bom romance requer.
Por F@bio
domingo, 5 de setembro de 2010
Atravessa Esta Paisagem o Meu sonho - Fernando Pessoa
De: Fernando Pessoa
"Atravessa esta paisagem o meu sonho dum porto infinito
E a cor das flores é transparente de as velas de grandes navios
Que largam do cais arrastando nas águas por sombra
Os vultos ao sol daquelas árvores antigas...
O porto que sonho é sombrio e pálido
E esta paisagem é cheia de sol deste lado...
Mas no meu espírito o sol deste dia é porto sombrio
E os navios que saem do porto são estas árvores ao sol...
Liberto em duplo, abandonei-me da paisagem abaixo...
O vulto do cais é a estrada nítida e calma
Que se levanta e se ergue como um muro,
E os navios passam por dentro dos troncos das árvores
Com uma horizontalidade vertical,
E deixam cair amarras na água pelas folhas uma a uma dentro...
Não sei quem me sonho...
Súbito toda a água do mar do porto é transparente
E vejo no fundo, como uma estampa enorme que lá estivesse desdobrada,
Esta paisagem toda, renque de árvore, estrada a arder em aquele porto,
E a sombra duma nau mais antiga que o porto que passa
Entre o meu sonho do porto e o meu ver esta paisagem
E chega ao pé de mim, e entra por mim dentro,
E passa para o outro lado da minha alma..."
Poesia obtida em http://www.lovers-poems.com/poesia-fernando-pessoa-atravessa-esta-paisagem.html
Imagem obtida em http://www2.ilch.uminho.pt/portaldealunos/Estudos/EP/AH/TCH/P1/Ines/fernando.html
Navergar pelos versos de Fernando Pessoa, singrar cada poema, cada estrofe, cada frase, cada palavra. Passar para o outro lado e descobrir imagens, sons, cheiros e sabores, no texto sensível do poeta maior da língua portuguesa. Pessoa é o grande porto da poesia lusa, esta é a verdadeira ode.
Por F@bio
domingo, 15 de agosto de 2010
Santos - Ruy Ribeiro Couto
Nasci junto do porto ouvindo o barulho dos embarques.
0s pesados carretões de café
Sacudiam as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto do porto, vendo a azáfama dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre os vagões das docas.
Os grãos de café, perdidos no lajedo,
Eram pedrinhas que eu atirava noutros meninos.
As grades de ferro dos armazéns, fechados à noite,
Faziam sonhar (tantas mercadorias!)
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou também teu filho, ó cidade marítima,
Tenho no sangue o instinto da partida,
O amor dos estrangeiros e das nações.
Oh, não me esqueças nunca, ó cidade marítima,
Que eu te trago comigo por todos os climas
E o cheiro do café me dá tua presença.
De Ruy Ribeiro Couto obtido de http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/brasil/ribeiro_couto.html
Jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista, Ribeiro Couto nasceu em Santos - SP (1898) e faleceu em Paris - França (1963). Foi membro da Academia Brasileira de Letras e colaborador do Jornal do Brasil e O Globo, ambos do Rio de Janeiro, e de A Província, de Pernambuco. Em "Santos" o que aparece são as reminicências de menino crescido na cidade porto, ouvindo o "triste apito" da partida dos cargueiros, abarrotados de café. O ar marinho era impregnado pelo cheiro do café. Diplomata, Ribeiro Couto correu mundo, como os cargueiros, e cultivou o "amor dos estrangeiros e das nações". Sua poesia ficou para nos inspirar, deixando "longas ressonâncias" em nossas vidas.
Nasci numa fazenda de café e cresci junto ao mar. No poema de Ribeiro Couto também pude resgatar minhas reminiscências de menino.
Por F@bio
0s pesados carretões de café
Sacudiam as ruas, faziam trepidar o meu berço.
Cresci junto do porto, vendo a azáfama dos embarques.
O apito triste dos cargueiros que partiam
Deixava longas ressonâncias na minha rua.
Brinquei de pegador entre os vagões das docas.
Os grãos de café, perdidos no lajedo,
Eram pedrinhas que eu atirava noutros meninos.
As grades de ferro dos armazéns, fechados à noite,
Faziam sonhar (tantas mercadorias!)
E me ensinavam a poesia do comércio.
Sou também teu filho, ó cidade marítima,
Tenho no sangue o instinto da partida,
O amor dos estrangeiros e das nações.
Oh, não me esqueças nunca, ó cidade marítima,
Que eu te trago comigo por todos os climas
E o cheiro do café me dá tua presença.
De Ruy Ribeiro Couto obtido de http://www.antoniomiranda.com.br/iberoamerica/brasil/ribeiro_couto.html
Jornalista, magistrado, diplomata, poeta, contista e romancista, Ribeiro Couto nasceu em Santos - SP (1898) e faleceu em Paris - França (1963). Foi membro da Academia Brasileira de Letras e colaborador do Jornal do Brasil e O Globo, ambos do Rio de Janeiro, e de A Província, de Pernambuco. Em "Santos" o que aparece são as reminicências de menino crescido na cidade porto, ouvindo o "triste apito" da partida dos cargueiros, abarrotados de café. O ar marinho era impregnado pelo cheiro do café. Diplomata, Ribeiro Couto correu mundo, como os cargueiros, e cultivou o "amor dos estrangeiros e das nações". Sua poesia ficou para nos inspirar, deixando "longas ressonâncias" em nossas vidas.
Nasci numa fazenda de café e cresci junto ao mar. No poema de Ribeiro Couto também pude resgatar minhas reminiscências de menino.
Por F@bio
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Céu e Mar - Cassiano Ricardo
De: Cassiano Ricardo
O dia marinheiro
todo vestido de sol branco
andava navegando com os marujos
de solavanco em solavanco
a prometer-lhes mundos nunca vistos nem sonhados
em mares nunca antes navegados
tudo por conta de outro dia
que mais adiante aparecia
e a mesma coisa prometia.
Luas marítimas, logo após,
nadavam no silêncio da amplidão
por onde a noite, caravela de carvão
levava a bordo uma porção de estrelas nuas.
Como era doída no outro dia
a dor da repetição!
todo vestido de sol branco
andava navegando com os marujos
de solavanco em solavanco
a prometer-lhes mundos nunca vistos nem sonhados
em mares nunca antes navegados
tudo por conta de outro dia
que mais adiante aparecia
e a mesma coisa prometia.
Luas marítimas, logo após,
nadavam no silêncio da amplidão
por onde a noite, caravela de carvão
levava a bordo uma porção de estrelas nuas.
Como era doída no outro dia
a dor da repetição!
Em Coletânia de Poemas de Cassiano Ricardo, Livro 2, disponível em: www.fccr.org.br
Conheci a poesia de Cassiano Ricardo ainda na adolescência e me encantei com "Gagárin" (veja abaixo), da sua fase concretista. Jornalista, poeta e ensaísta nascido em São José dos Campos - SP (1895). Estudou em São Paulo e Rio de Janeiro. Participou da Semana de Arte Moderna de 1922. Transitou do simbolismo ao modernismo e concretismo. Foi um ativista incansável. No modernismo participou dos grupos "Verde Amarelo" e "Anta". Trabalhou nos jornais Correio Paulistando (SP) e A Manhã (RJ). Fundou as revistas: Novíssima e Planalto. Foi das Academias Paulista de Letras e Brasileira de Letras. Com Céu e Mar, Cassiano Ricardo me permite enriquecer este blog com mais um belo poema e vesti-lo de sol branco, iluminado pelo grande poeta sãojoanense.
Por F@bio
Por F@bio
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Cargueiro Japonês - Luli e Lucina
“trem na paisagem, lá
trem de minério, sol
trem indo embora, dó
um trem de Minas
tesouro indo, lá
de ferro em ferro
pra dentro da pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
ruído que cobre o mar
budum que estraga o ar
trem indo embora
um trem de Minas
leva as montanhas
carrega as montanhas
pra dentro da pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
vindo de longe parece um brinquedo
é cobra sem fim correndo o litoral
corre mais em mim ameaça sideral
vai meu sangue chão pro Japão
voltam relógios, máquinas fotográficas
computadores, brinquedos eletrônicos
todos mistérios, feitos dos minérios
que se vão na pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
ficam nos trilhos
depois que o trem passa
muitos vaga-lumes
carregando a pilha
olhar é maravilha
espécie de mágica
que escapou da fome
do cargueiro japonês”
trem de minério, sol
trem indo embora, dó
um trem de Minas
tesouro indo, lá
de ferro em ferro
pra dentro da pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
ruído que cobre o mar
budum que estraga o ar
trem indo embora
um trem de Minas
leva as montanhas
carrega as montanhas
pra dentro da pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
vindo de longe parece um brinquedo
é cobra sem fim correndo o litoral
corre mais em mim ameaça sideral
vai meu sangue chão pro Japão
voltam relógios, máquinas fotográficas
computadores, brinquedos eletrônicos
todos mistérios, feitos dos minérios
que se vão na pança
do cargueiro japonês
do cargueiro
ficam nos trilhos
depois que o trem passa
muitos vaga-lumes
carregando a pilha
olhar é maravilha
espécie de mágica
que escapou da fome
do cargueiro japonês”
Musica de Luli e Lucina obtida de http://luli-lucina.musicas.mus.br/letras/376808/ e foto obtida em http://www.lulilucina.mpbnet.com.br/
Luli e Lucinda em sua letra falam do trem cargueiro comprado no Japão para levar o minério de Minas para os quatro cantos do mundo. Levam as montanhas de Minas para o exterior. Vai minério, volta computador, brinquedo, relógio. É o comércio exterior. Cargueiro Japonês remete a outra música, de Milton e Fernando Brand, que fala de um cargueiro mais antigo, a Maria Fumaça, que também cruzava as Gerais.
Cargueiro, trem de minério que leva o grão do solo, o tesouro do chão, na pança, no vagão. São os morros de Minas que vão saciar a fome do mundo, por ferro e por aço. Montanhas que vão, deixando triste o horizonte, como denunciado por Drummond. Ah trem de ferro, vai seguindo seu caminho rumo ao mar, cruzando vales e colinas, campos e cidades. Ah cargueiro japonês, vai serpenteando sobre trilhos, cruzando o horizonte, carrega pra longe, pro porto, pro mar, o chão de Minas. Leva pra outro cargueiro levar. Leva o grão da terra, traz máquina, leva o sangue chão, traz o carro e o furgão. De cargueiro para cargueiro, leva pro mar, pro Japão, pra China, pro Oriente, pra Europa, pro Norte, pra morte.
Por F@bio
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