domingo, 28 de junho de 2015

Como um rei na França - Amaury Temporal

"Após nossa visita, fomos brindados pela família com um pot e um casse-croûte de queijo de ovelha, durante o qual encontramos o M. e a Mme. Seguin ... que nos deram uma visão importante do que os fazendeiros franceses pensam sobre a agricultura da França e do Brasil, da competitividade relativa de ambas e dos recentes desenvolvimentos das discussões na OMC (Organização Mundial do Comércio).
 Há que entender, no entanto, a resistência dos países da União Europeia, notadamente a França, à mudança de um modo de produção de gerações, que encontra apoio forte da população francesa, a qual está de acordo com o statu quo de subsídios, que, afinal, são pagos por toda a sociedade. No entanto é uma luta com fim previsível, pois os jovens franceses de hoje não estão mais interessados em atividades que exigem de 12 a 14 horas de trabalho por dia, sete dias por semana, por vezes em condições climáticas adversas"

Transcrito de "Como um Rei na França", de Amaury Temporal, pag. 25 e 26. Rio de Janeiro: Record, 2011.



Amaury Temporal é diretor do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e ex-presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro. Escreveu também os livros De Vinhos e Rosas (1992) e Bom Tempo na França (2004).

Conheço o encantador Amaury há alguns anos, envolvidos nas lides do comércio exterior, onde sempre admirei sua inteligência, diplomacia, firmeza e elegância nos contatos profissionais e pessoais. Mais recentemente tomei conhecimento das suas qualidades de grande conhecedor de vinhos e culinária.
No livro ficamos sabem que Amaury é, certamente, o mais francês dos cariocas. Aliás, na orelha do livro confirma-se essa impressão: "Quando se aproxima o mês de julho, Amaury Temporal e sua mulher, Maggy, começam a programar suas férias para o mês de dezembro. O destino?  França, sempre". O livro nos oferece, além da preciosa indicação de como conhecer bem as diversas regiões da França, dicas de restaurantes (com endereços) e vinhos. Da sua leitura também podemos saber como é desfrutar como um rei a terra de Napoleão. Bonne lecture et santé!
Por F@bio

domingo, 21 de junho de 2015

O Chapéu de Vermeer 2 .- Timothy Brook

"Quando ... em 1942, Cristóvão Colombo zarpou rumo a oeste com sua frota de três naviozinhos para atravessar o Atlântico (levando consigo um exemplar das Viagens de Marco Polo), ele já sabia que o mundo era redondo e que navegar para oeste o levaria à Ásia. Sabia o suficiente para achar que alcançaria primeiro o Japão, com a China logo além. Só não sabia quão grande era a distância que separava a Ásia da Europa. E o que não esperava era que houvesse um continente entre elas. Quando voltou à Europa, Colombo disse ao rei Fernando que, ao chegar à ilha de Hispaniola (hoje República Dominicana), "achei que era terra firme, a província de Catai". Não era, e Colombo teve de convencer o rei de que a primeira viagem quase chegara ao destino e que a segunda não deixaria de completar a missão. Se a ilha não era a China nem o Japão, então deveria ser uma ilha ao largo do litoral leste do Japão. As riquezas fabulosas da China, portanto, estavam ao alcance. Enquanto isso, garantiu ele a Fernando, a ilha que descobrira, com certeza, continha ouro, era só seus marinheiros começarem a procurar. Assim, transformou a cartada perdida - Hispaniola não era  Japão nem China - numa jogada vencedora. Mas ele acreditava que a ilha seguinte seria o Japão e, mais além dela, estaria a China.
A riqueza fabulosa da China virou obsessão na Europa, e foi por isso que Fernando concordou em financiar a segunda viagem de Colombo..."

Transcrito de "O Chapéu de Vermeer", de Timothy Brook, pag.56. Rio de Janeiro: Record, 2012.


Já mencionei autor e obra no Cargueiro de Letras. O livro trata das grandes navegações do Sec. XVII e a ascensão econômica e naval da Holanda, no que Brook denomina "a aurora do mundo global". Analisa o período usando a peculiar forma de tomar por base os quadros do pintor holandes Johannes Vermeer.
Quando Marco Polo voltou de sua viagem à China, revelou a Europa uma nação com uma indústria muito mais desenvolvida. O fascínio por conhecer e obter os produtos chineses só fez crescer. Isto estimulou os europeus a se lançarem ao mar para fazer comércio com os asiáticos, sabedores da possibilidade de auferirem grandes lucros na empreitada. Seda, porcelana, especiarias e outros produtos eram importados da Ásia pelos europeus. Em vista dos altos investimentos e lucros, Portugal e Espanha tentaram estabelecer o monopólio das rotas marítimas. Mas a Holanda e Inglaterra impuseram sua maior capacidade econômica e romperam os limites impostos pelos dois países ibéricos.
por F@bio